A diversidade de padrões alimentares é uma das características que definem o Homem, fazendo parte da sua cultura. Há várias formas de um ser humano se alimentar saudavelmente sendo necessário, para tal, que todas as necessidades nutricionais sejam suprimidas.
Assim, cada pessoa será livre de escolher a forma como pretende alimentar-se e o padrão alimentar que quer seguir, desde que o faça de forma consciente, após avaliar os prós e contras do padrão por que optou. Além de suprimir as necessidades nutricionais, será igualmente importante que esse padrão não inclua alimentos supérfluos em abundância, o que desencadearia excesso de peso – com todas as suas consequências nefastas – e sobretudo que a qualidade dos alimentos seja tida em consideração. Para tal, os princípios fundamentais serão: evitar o excesso de sal, de açúcares de adição e na generalidade os produtos muito processados, sobretudo os mais ricos em gorduras trans e aditivos artificiais.*
Naturalmente as excepções existem e fazem sentido, ou não deixaríamos lugar para o livre arbítrio, essencial também na alimentação. Não faz sentido que uma dieta – cuja palavra significa “modo de viver” – se torne uma via sacra para o calvário. Um modo de viver infeliz? Não. Não devemos ser reféns de demasiadas regras alimentares impostas, a menos que tenhamos uma doença que implique uma terapia nutricional específica. É certo que a alimentação é um dos primeiros e principais determinantes de saúde/doença, mas o equilíbrio é a solução.* Creio que uma parte do papel do nutricionista passa justamente pela capacidade de perceber o que as pessoas são – “nós somos o que comemos” – mostrando depois caminhos que as ajudem, sem os tornar penosos. Não me parece ideal apresentar uma lista infindável de “alimentos proibidos”*, o velho ditado “nem sempre nem nunca” adapta-se na perfeição à alimentação. Há outro ainda: devemos adaptar a alimentação à nossa vida e não a vida à alimentação. E um último, meu: fazer um plano alimentar ideal passa, antes de mais, por conhecer as pessoas!
Uma dieta muito interessante é a “nossa” Dieta Mediterrânica, com os ricos alimentos que a Roda dos Alimentos nos apresenta, nas proporções médias ideais. Relembro que esta afamada dieta, parte do património cultural imaterial da humanidade, tem em conta outros pressupostos, tais como a passagem de receitas saudáveis, como sopas, ensopados e caldeiradas, de geração em geração, assim como o convívio que pode começar na própria preparação dos pratos e culminar em momentos de prazer à mesa. Lembra ainda a manutenção de um estilo de vida activo, não descurando o tempo livre bem passado. Tantas vezes procuramos informação sobre alimentação saudável em vários meios e esquecemos que a Roda dos Alimentos nos dá dados tão importantes. É ela que devemos conhecer, antes de mais. Se queremos alimentar-nos bem e ter informação fidedigna, comecemos por aí!
Outro exemplo, a dieta vegetariana, que conta cada vez com mais adeptos: é perfeitamente saudável a longo prazo desde que seja equilibrada e completa. No mundo vegetal encontramos todos os nutrientes de que precisamos, o cuidado principal poderá ser com a suplementação de vitamina B12.*
Há muitas outras opções alimentares que – repito – poderão fazer sentido para algumas pessoas e deverão ser respeitadas desde que quem as cumpre esteja bem informado e se alimente conscientemente, garantindo que tem no dia-a-dia todos os nutrientes de que necessita.
Quem melhor para ajudar neste caminho? Um nutricionista. Numa consulta procuro perceber o que é importante para cada pessoa, daí achar que é muito importante conhecer as pessoas até antes dos alimentos e dos nutrientes. Saber o que comem e o que não comem devido a gostos pessoais, motivos religiosos, hábitos familiares, estilo de vida. É fundamental que sejamos felizes com o que comemos.